*Karina Cardoso Com três séculos de história, é impossível calcular a situação de degradação das Ferrovias Brasileiras. De Juscelino para cá nada mudou, foi só abandono, afinal não existe nem mesmo o policiamento dos bens que restaram das estações e prédios. O museu do Trem do Recife está há mais de 5 anos desativado. O quadro de Policiais Ferroviários Federais foi reduzido e eles foram retirados das estradas de ferro e dos prédios que fiscalizavam. Hoje estão restritos a plataformas de passageiros. Historiadores, funcionários da Polícia Ferroviária Federal e ex-funcionários da extinta Rede Ferroviária Federal do Nordeste S. A apontam que o principal erro foi a falta de investimentos e incentivos de governos descomprometidos com o desenvolvimento do país. Com isso, em efeito cascata, vários obstáculos foram se acumulando e obstruindo a possibilidade do Brasil possuir uma Malha Ferroviária Federal, em sintonia com os avanços tecnológicos. Isso é lamentável principalmente num país como o Brasil, de dimensões continentais, onde já se tinham investido durante séculos na criação de ferrovias por todo o país. Não é justificativa e nunca foi dizer que esse tipo de transporte pertence ao passado. Ele pertence não só ao presente como ao futuro das civilizações. Os países desenvolvidos provam isso. A elite brasileira foi esquecendo-se do trem e o considerando ultrapassado. Deixaram de investir nas ferrovias para construir rodovias e abrir as portas para a entrada dos automóveis. Trazer novos investimentos ao país não significa jogar o que foi conquistado no lixo. As ferrovias Brasileiras carregam até hoje uma forte memória emocional. Várias pessoas, que viveram na época em que Pernambuco era unido pelos trilhos relembram com emoção aquela época. E quem mais sofreu com a derrocada das ferrovias foi a população mais carente. No início da década de 1990, o governo federal incluiu a RFFSA (Rede Ferroviária Federal) no processo de desestatização, dividindo-a em malhas. Há onze anos as atividades das ferrovias voltaram e não há nenhum patrulhamento policial nas ferrovias brasileiras sobre essas cargas. Alguns trechos em que elas percorrem fazem fronteiras com outros países como a Colômbia. A malha nordeste foi leiloada no dia 18 de julho de 1997. A vencedora do leilão foi a Companhia Ferroviária do Nordeste, que iniciou sua operação em 1 de janeiro de 1998, operando atualmente 4.238 km de linhas e interligando os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. A Polícia Ferroviária Federal está em processo de reestruturação desde o ano passado. No dia 25 de junho de 2007, em Brasília, aconteceu a primeira reunião de trabalho da Comissão Interministerial para estudar possíveis maneiras de reestruturar essa polícia, de acordo com o Decreto 6.061, de 15 de março de 2007. O grupo de trabalho formado pelos Ministérios da Justiça, Planejamento, Orçamento e Gestão, Transportes, Cidades e a Comissão Nacional dos Representantes da Polícia Ferroviária Federal tiveram 45 dias para a conclusão de suas atividades. O relatório foi entregue em novembro e aguarda-se a resposta do Ministro da Justiça, Tarso Genro. Nos tempos do PAC é bom não perder esse trem, o próximo ninguém sabe quando vai passar. Karina Cardoso é jornalista
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