Rands ataca João Paulo e alega falta de isenção no processo de escolha

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Posted by Ciro Bezerra | Posted on segunda-feira, 28 de janeiro de 2008


POSICIONAMENTO SOBRE A SUCESSÃO NO RECIFE

*Por Maurício Rands

Desde os tempos do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito do Recife estou engajado na luta pela justiça social e pela democracia. Em três décadas, tenho participado dos movimentos sociais como estagiário da Comissão de Justiça e Paz de Dom Hélder Câmara, advogado dos sindicatos de trabalhadores, vice-presidente e conselheiro federal da OAB, secretário de assuntos jurídicos da prefeitura do Recife, professor de direito da UFPE e deputado federal.

Nas duas eleições que disputei para deputado federal fui o mais votado no Recife entre os candidatos do PT e dos partidos que apoiaram Lula, Eduardo e João Paulo.

Na Câmara, defendi as reivindicações do povo do Recife e do Governo João Paulo, inclusive com emendas ao Orçamento da União que trouxeram dezenas de milhões de reais para a nossa cidade. O reconhecimento nacional obtido pelo mandato tem servido de estímulo para atender as reivindicações da nossa cidade e do nosso estado. Esta militância e identidade com o Recife e com o Governo João Paulo, do qual participei desde o início em 2001 como Secretário de Assuntos Jurídicos, animaram-me ao processo sucessório.

A pré-candidatura não surgiu da minha cabeça. Foi estimulada por parte significativa da militância do meu partido e de aliados, bem como pelos mais expressivos setores da sociedade civil, inclusive daqueles sem filiação partidária. Ao longo de meses, debati com os recifenses os seus problemas e as soluções possíveis.

Colhi o julgamento, do qual partilho, de que o nosso governo está fazendo uma importante obra de mudanças estruturais e culturais em nossa cidade. Vi que a maioria deseja a continuidade destas mudanças. Vi, também, que existe uma forte percepção de que ainda temos muito a caminhar.

Até porque o espaço de apenas dois mandatos não é suficiente para resgatar integralmente a imensa dívida social para com a população mais sofrida do Recife. Dialogando com os mais diferentes segmentos compreendi que o PT e os aliados devemos dar continuidade ao trabalho iniciado em 2001 e, ao mesmo tempo, indicar novas propostas e soluções. E que, portanto, aquele que vier a ser o candidato capaz de unir todas essas forças deve representar a continuidade com renovação.

A minha pré-candidatura surgiu, portanto, do sonho de continuar mudando o Recife. Do sonho de acelerar mudanças que resgatem a maioria do nosso povo das precárias condições de vida em que ele se encontra. Do sonho, embalado por nossa história libertária, de que o Recife seja cada vez mais vanguarda nas transformações que estão sendo conduzidas pelos Governos Lula, Eduardo e João Paulo.

De executar um modelo de desenvolvimento econômico estratégico e ambientalmente sustentável que habilite o Recife a se beneficiar dos grandes projetos que estão sendo implantados no Estado a partir da refinaria e do pólo petroquímico.

Do sonho de difundir cada vez mais o nosso potencial turístico e cultural. De aprofundar a nossa vocação para a excelência na prestação dos mais variados serviços, a partir do capital humano diferenciado que sempre tivemos. Do sonho de modernizar nossa estrutura viária.

Do sonho de continuar priorizando o social, para que toda a nossa população possa contar com educação, emprego, saúde, moradia, saneamento e transporte de qualidade. De construir uma sociedade com mais igualdade, onde trabalhadores, jovens, idosos, mulheres, negros, índios, homossexuais e pessoas com deficiência não sejam discriminados. Do sonho, enfim, de viver em uma cidade com qualidade de vida para todos, sem violência.

Ainda no ano passado, nossa corrente no PT, a Unidade na Luta, fez a sugestão de que o coordenador do processo sucessório do Recife deveria ser o Prefeito João Paulo e que o melhor caminho seria o do entendimento em torno de um candidato único, sem precisar de prévias.

A sugestão visava cimentar a unidade do partido para alcançar a unidade com os aliados e com a sociedade em geral. Tinha como pressuposto o debate e a mais ampla consulta para que o nosso projeto para o próximo mandato fosse forte e conduzido por um candidato representativo e competitivo.

Ficou claro que o escolhido teria que ser representativo do conjunto do partido, de sua base social e dos partidos aliados. Para isto, o processo de consultas deveria ter sido mais transparente e aberto.

Infelizmente, duas das pré-candidaturas não foram tratadas com a legitimidade que as suas respectivas trajetórias impunham. Em momento algum elas foram consideradas. Das três pré-candidaturas, apenas uma delas, lançada desde 2006, foi reconhecida pelo prefeito. O que se viu foi que o papel de coordenador confundiu-se com o de maior defensor de uma das pré-candidaturas.

A despeito do estímulo e do engajamento de expressivos setores do PT, da nossa base social e da cidade em geral, percebi que a minha pré-candidatura todavia não logrou a aceitação de alguns setores do partido.

Penso que uma candidatura majoritária deve agregar mais, não pode ser de apenas um segmento partidário, embora a filiação às correntes seja natural em nossa cultura política. Assim, como deveria ser o método decisório do debate livre e do convencimento, sem personalismos.

O que não me parece acertado é fazer da escolha de um candidato majoritário um instrumento de disputa por espaços internos.

Por isto, creio ser a mais responsável a posição adotada pela minha corrente (a UL) de não levar o partido a uma prévia que certamente o enfraqueceria.

Optando por deixar ao prefeito João Paulo a responsabilidade pela escolha do nosso candidato a ser submetido aos partidos aliados, mais uma vez ratificamos, por atos e não apenas palavras, o nosso inarredável compromisso com a unidade do partido e das esquerdas e, sobretudo, com o avanço da nossa luta pela construção de uma sociedade sem as injustiças que nos levam a continuar militantes herdeiros da Frente do Recife de Pelópidas Silveira, Gregório Bezerra, Miguel Arraes e tantos outros.

Recife, 28 de janeiro de 2008

Maurício Rands

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