Posted by Ciro Bezerra
| Posted on sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Por Nelson Motta
Salvador - Agora, sim, o ano vai começar. O Carnaval passou e reafirmou que o melhor do Brasil não é o brasileiro da propaganda oficial: é a nossa diversidade, como mostraram as grandes festas populares de Recife, Salvador e Rio de Janeiro, expressando as diversas características das tribos que formam nossa imensa taba de variedades.
No Rio, a cena é dominada pelo fabuloso desfile, altamente competitivo, das escolas de samba. Da tensão na concentração ao tempo cronometrado na passarela, sob os olhos e ouvidos implacáveis dos jurados oficiais e dos comentaristas especializados, um movimento em falso pode ser fatal. Tudo tem que funcionar como uma máquina.
Agora chegam a marcar com um metrônomo o andamento do ritmo da bateria. As que adiantam ou atrasam, mesmo imperceptivelmente, durante o desfile, são criticadas e perdem pontos, como se a qualidade de uma bateria de 300 ritmistas dependesse disso. Se a perfeição é manter a mesma bpm (batidas por minuto) do início ao fim, o melhor é uma bateria eletrônica, né?
Depois vem a apuração, com os militantes das escolas se digladiando por elas, às vezes sai até tiro. É a apoteose do "Carnaval de resultados", quando a festa vira guerra. Para quê? Para nada.
No Recife, o estilo é mais para o cultural, de valorização histórica e regional, de radicalidade frevística. É o Carnaval levado a sério, mas que não perde em alegria, e ainda permite ao orgulho pernambucano um certo ar de "superioridade carnavalesca"...
Já em Salvador, do pagode à eletrônica, vale tudo, até axé, sem nenhuma competição: todos ganham sempre, com os mesmos artistas populares desfilando para os camarotes mais luxuosos e o povão mais pobre, unidos pela música, pela festa e pela alegria.
Feliz 2008!
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